domingo, 22 de setembro de 2013

Who am I?

(A Questão) Ele sempre se pega pensando “Quem sou Eu?”. O clichê ensaiado e obvio da ocasião combatem com a realidade crua e por diversas vezes - seja em uma dinâmica de grupo, entrevista de emprego ou no simples ato social de apresentação – um torpor instantâneo lhe consome e faz mergulhar nessa simples e complexa questão. Em milésimos de segundos fatos e casos vem à tona, lembranças e segredos emergem como um flash aos olhos e baque surdo no peito.

(O Começo) Quando criança a primeira lembrança é de um garoto que gostava de inventar histórias para dormir e esquecer o escuro, sonhando ser grande e não temer nada. O primeiro sonho foi facilmente alcançado logo nos primeiros anos de escola, sendo considerado um gigante ogro, tamanha a altura em comparação aos seus iguais, o que o motivaria a tirar vantagem de sua condição, sonhando talvez em ser um jogador de basquete. Carreira essa que não perdurou, lhe faltava talento e o gosto por histórias era mais forte, nessa altura começou a estudar desenho e ilustrar seus contos e pensamentos.

(A Fantasia) No mundo dos desenhos, historias, fantasias e heróis, tomou gosto pelos filmes dos mais variados gêneros – o drama estranhamente lhe fascinava mais que qualquer outro -, uma tarde sem filme era inadmissível, que por vezes assistia facilmente 3 em um único dia, rejeitando sem pensar convites para o famoso 'brincar lá fora'. Tal ritmo de vida transformaria tal sonhadora criança desproporcionalmente maior ainda.

(O Físico) Foi quando sua família lhe “motivou” a voltar ao esporte, o transformando em um recordista de modalidades – karatê, futebol, judô, vôlei, handball, natação, aikido, ciclismo, capoeira, corrida, caminhada, skate, patins, musculação e afins - todas com os mais altos índices de fracasso já registrados, até que uma grave fratura seguida pela revelação de um parente de que “A família era amaldiçoada há gerações e nenhum membro do clã teria êxitos em atividades ligadas à capacidade física”, pôs fim em sua vida esportista.

 (A Música) Revoltado por não ser bom em praticamente nada, o que restou foi a identificação com a música, em tons agressivos e temas revolucionários, passou a sonhar em ser musico, entre várias bandas e instrumentos – guitarra, baixo, teclado, bateria, vocal -, passou a suspeitar que a maldição da família talvez se estendesse ao ramo artístico.

(A Escolha) Na escola, sonhou em um dia ser professor ou trabalhar em uma grande empresa, mas na área de humanas, já que os números lhe causavam estranha confusão mental e vontade de sair correndo. Prestou geografia, cogitou filosofia, cursou psicologia e se viu em um trabalho que nem sequer sabia que existia. Pensou em inúmeras vezes em desistir de tudo, tentar coisas novas, coisas simples, coisas complexas, em partir em aventuras, contrariando qualquer entendimento de normal, estável ou certo. Por vezes apenas desejando ficar em casa, entre papéis, caneta e idéias.

(O Sentimento) Após a fatídica questão que lhe remete a tantas passagens, mudanças e tentativas em poucos segundos, o silêncio até a resposta parece durar horas e a resposta que muitas vezes é dada de acordo com o tempo, espaço e ocasião é ecoada durante uma eternidade em seu mundo particular. O que lhe faz refletir sobre aquele garotinho do começo, que tinha medo do escuro, algo que não se vê, apenas se fantasia sobre. Escuro que nos dias de hoje é substituído pelo Futuro, algo que também não se vê, apenas se fantasia sobre. Antes de dormir, ele reflete sobre a pergunta, buscando achar uma resposta verdadeira, mas continua inventando histórias para esquecer, por ainda temer tanta coisa...

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